sábado, 15 de novembro de 2008

Começo do fim do mundo: 1ª FESTIVAL PUNK DO BRASIL


“O começo do fim do mundo” foi um festival realizado em 1982 no SESC Pompéia.
Falando assim o evento parece apenas mais um dos milhares de eventos que ocorrem em SP, desde muito antes de 82 até os dias de hoje.
A primeira frase deste post retira toda a importância dele, que começa a surgir quando se diz que este foi o primeiro evento Punk organizado em São Paulo, contando com dez bandas da capital paulista e outras dez do ABC, regiões que mantinham uma grande rivalidade.
Hoje muito pouco se sabe sobre o festival, há poucas informações, o máximo que se consegue online são referências nos sites das bandas que participaram do evento falando sobre o disco, que comentarei mais a frente, e creio que não exista muito material “físico” sobre ele, sendo que tomei conhecimento através do livro de Guilherme Bryan “Quem tem um sonho não dança: Cultura pop brasileira nos anos 80″ que traz uma breve passagem sobre o festival.
Idealizado por Antonio Bivar que lançou durante o evento o livro “O que é o Punk?” que contou ainda com exposição de artes e mostra de vídeos e sendo seu momento mais marcante o show das vinte bandas.
Com mais de três mil pessoas passaram pelos SESC durante o festival que terminou como a maioria das reuniões de punks da época terminavam, invasão da PM e tropa de choque com direito a borrachadas no público e 25 pessoas presas. Segundo os relatos que encontrei, não houve confusão que motivasse tal comportamento por parte das autoridades e quem estava lá crê que foi o visual dos punks que motivou a chamada da polícia pelos vizinhos.
O SESC Pompéia, inaugurado no início daquele ano logo mostrou sua pré disposição de abrigar as mais diversas culturas, tendo financiado este evento, cedendo o espaço e a aparelhagem de som e equipamento para gravação em tape utilizando dois canais.

As bandas também tocaram de graça, era uma oportunidade de mostrar seu trabalho e ainda ter uma gravação ao vivo na compilação que levou o nome do evento e levou quase um ano para ser lançado, posteriormente foi lançado um CD, no encarte há informações sobre o evento e fotos incluídas algumas da invasão da PM.
A coletânea que contava com bandas que se tornariam célebres no cenário Punk tinha originalmente 19 faixas e na CD ganhou uma “bonus track” da banda Ulster, ficando com a seguinte configuração:
Dose Brutal - Face da Morte
M19 - 19 de Abril
Neuróticos - Carecas
Inocentes - Salvem El Salvador
Psychoze - Papo Furado
Fogo Cruzado - Ratos de Esgoto
Juízo Final - Liberdade
Desertores - Não Quero
Cólera - C.D.M.P.
Negligentes - Herói
Extermínio - Holocausto
Suburbanos - Era Suburbanos
Passeatas - Direito de Protestar
Lixomania - Punk
Olho Seco - Haverá Futuro?
Decadência Social - Decadência Social
Estado de Coma - Marginal
Ratos de Porão - Novo Vietnã
Hino Mortal - Desequilíbrio
Ulster - Heresia

A qualidade como era de se esperar, pelos equipamentos utilizados na gravação, é péssima, mas é um registro histórico do início do Punk em SP.

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